dropsss

4.06.2008

Não Estou Lá


No final dos anos 50, um menino negro perambula de trem de carga pela terra do tio Sam atrás de sonhos e ideais, cantando o que vê e o que vive. Um jovem poeta revela suas impressões inusitadas sobre a vida e a arte. Um documentário tenta descobrir o destino de um grande astro esquecido da folk music, enquanto um ator se notabiliza no papel do mesmo cantor. Um misterioso cow-boy busca justiça na cidade surreal que o acolheu. E um músico famoso é questionado por ser uma metamorfose ambulante, segundo alguns deixando de lado suas questões políticas. Nenhum destes personagens se conhecem, mas eles se referem a mesma pessoa (ou não). Cada um representa um pouco de Bob Dylan entre 1959 e 1968, cuja carreira é constantemente reinventada. Não Estou Lá (I’m not there, 2007), dirigido por Todd Haynes, não é uma biografia nem uma ficção, mas um filme que tem tudo a ver com o genial cantor e compositor que o mercado não conseguiu rotular. Dylan, averso ao culto da personalidade, nunca deu uma entrevista sequer, assim Haynes, também roteirista, monta um quadro com recortes de falas, lendas, músicas e muita imaginação com um excelente resultado cinematográfico. O diretor escalou atores de altíssimo gabarito como Cate Blanchett (ponto alto), Ben Whishaw, Christian Bale, Heath Ledger, Richard Gere e conta com uma aparição do cantor Richie Havens que interpretou a eletrizante música Freedom no festival de Woodstck. A trilha sonora, obviamente, é toda composta com músicas de Bob Dylan como Just like a Woman, All Along the Watchtower, Like a Rolling Stone e outras que acima de qualquer discussão ideológica, são absolutamente geniais.