dropsss

8.12.2006

Pai,filhos & etc.


Quem ainda não viu o filme Pai,filhos & etc.(Père et Fils), vá correndo. O diretor Michel Boujenah conta uma estória aparentemente banal de um pai cujo maior desejo ao completar seus 70 anos é comemorar em grande estilo com uma viagem maluca ao Canadá na companhia dos três filhos que se amam como cães e gatos. O melhor de tudo é que essa comédia refinada chega a nós na interpretação do genial Philippe Noiret que do alto dos seus 76 anos e atuando desde 1953 (ano em que nasci) nos brinda com momentos deliciosos. Esse super ator, por meio de olhares maliciosos e trejeitos faciais, consegue arrancar risos e gargalhadas do público até das piadas mais simples. Não é para encarar como um filme cult ou road movie ou dizer que o filme não aprofunda a relação entre pai e filhos e outros blá-blá-blás, trata-se de uma estória bem contada e divertida. E mais, o diretor que também é ator e comediante faz uma homenagem merecidíssima ao estupendo Noiret que durante todo o filme faz o que sabe melhor: fazer rir.

Factotum


Factotum, uma produção americonorueguesa a partir do livro homônimo do escritor Charles Bukowsky, é um filme que não pode passar desapercebido. A direção é de Bent Hammer que de forma precisa cuida para que os personagens não se tornem piegas ou bizarros. Henry Chinasky, narrador fiel e presente em quase todos os livros de Bukowski, no filme também nos conduz pela montanha russa da sua vida de tal forma que não pareça uma destilaria de desgraças ou de whisky. Chinasky é interpretado pelo ator Matt Dillon que dá um show de bola, num estilo Brando, delicado até quando surra seus inimigos ou a si mesmo. As atrizes Lilly Taylor e Marisa Tomei encarnam, melhores do que nunca, as parceiras de Chinasky. É inevitável a lembrança do filme Crônica de um Amor Louco de Marco Ferreri com Ben Gazarra e Ornella Muti, mas o filme possui muita personalidade e vai além. Portanto Factotum, ao contrário do apelativo subtítulo brasileiro Sem Destino, exibe a escolha de um destino: a poesia servida aos espectadores em doses suficientes para embebedar corações e mentes.

8.11.2006

Caché e O Corte


Dois filmes em cartaz: Caché e O Corte. No primeiro o diretor Michael Haneke exibe em cores fortes a intolerância e a mágoa, talvez dois focos de corrosão profundos no relacionamento entre grupos e indivíduos, bastante expresso na França em várias épocas. Hanecke junto com o excelente ator Daniel Auteill constrói um personagem que leva a intolerância ao extremo. Já Costa-Gravas surpreende a todos nos brindando com uma estória irreverente e bem humorada sobre o drama de um executivo desempregado que encontra uma solução mágica e diabólica para reaver seu posto: assassinar seus concorrentes com a mesma qualificação em busca de emprego. O filme revela uma sociedade nos seus estertores que oferece um pseudoparaíso capitalista e repentinamente o retira colocando no seu lugar o inferno da privação de bens materiais, levando os protagonistas a escolherem caminhos inescrupulosos e aéticos. Tragicômico e atual.